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domingo, 30 de dezembro de 2012

"Salto Mortal" de Marion Zimmer Bradley [Opinião Literária]


Título: Salto Mortal
Autora: Marion Zimmer Bradley
Editora: Difel

Sinopse:
Um amor único num mundo especial…
Salto Mortal é a história de dois trapezistas, Mário Santelli, descendente de uma famosa família de trapezistas voadores e de Tommy Zane, o seu discípulo.
Situada nos anos quarenta e início dos anos cinquenta no mundo colorido do circo e das suas tradições, a autora narra-nos a luta dos dois trapezistas pelo aperfeiçoamento da sua arte e a descoberta do amor entre dois homens e a preservação da sua relação num ambiente hostil e adverso. Tommy Zane cresce como homem e trapezista no seio de uma família que o adopta para a qual o trapézio ocupa o lugar central e em que tudo o resto lhe está subordinado: a família Santelli com os seus Santellis Voadores. Mário, o guardião das tradições familiares, debate-se com o seu perfeccionismo e a vontade de demonstrar que para si não existem impossíveis e que, apesar da sua homossexualidade, o seu lugar de estrela não pode merecer contestação.
Mas esta história é sobretudo a de uma relação entre um rapaz e um homem, do crescimento de ambos e da forma como, sujeitos a todas as pressões, acabarão por conseguir lidar consigo próprios e com os outros numa luta titânica para ultrapassar os medos, as pressões e, sobretudo, os sentimentos de culpa e auto-rejeição.

Opinião:
Esta é uma saga familiar enquadrada num mundo muito especial: o circo. Marion Zimmer Bradley envolve o leitor neste cenário, ambientado entre os anos 40 e 50, descrevendo com perfeição os bastidores e os palcos circenses. Mais concretamente, a autora descreve a arte fascinante do trapézio, a glória de voar e a busca pela perfeição técnica na execução desta arte.
Dentro deste cenário encontramos a família Santelli, constituída por artistas do trapézio, voadores natos na essência da palavra. Mais do que tudo, são personagens de uma humanidade comovente. Repleta de dramas familiares pujantes, discussões acesas e demonstrações de afecto constante, esta obra proporciona uma visão intimista de uma dinâmica familiar fascinante. É impossível ficar indiferente perante o percurso destas personagens, desta família, que vencem os seus medos e limitações apoiados uns nos outros.
Contudo, no centro da narrativa encontram-se Tommy Zane e Mário Santelli, mestre e pupilo, base e voador, trapezistas e amantes. Sem pudor, a autora descreve uma relação de amor puro, verdadeiramente tocante, constantemente debilitada pelos preconceitos moralistas da sociedade norte-americana da época. Assim, este livro aborda um tema que ainda hoje é alvo de grande discriminação: a homossexualidade. É um livro que nos faz acreditar que o amor, por mais diversas formas que tome, é capaz de enaltecer o que de melhor temos dentro de nós.
Esta foi uma leitura inesquecível, profundamente marcante. Mesmo no virar da última página foi difícil de pousar, devido à saudade e nostalgia imediata que me invadiu. Esta é uma estória que sem dúvida me acompanhará durante muito tempo e que não quererei esquecer.

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