"Salto Mortal" de Marion Zimmer Bradley [Opinião Literária]
Título: Salto Mortal
Autora: Marion
Zimmer Bradley
Editora: Difel
Sinopse:
Um amor
único num mundo especial…
Salto Mortal
é a história de dois trapezistas, Mário Santelli, descendente de uma famosa
família de trapezistas voadores e de Tommy Zane, o seu discípulo.
Situada nos
anos quarenta e início dos anos cinquenta no mundo colorido do circo e das suas
tradições, a autora narra-nos a luta dos dois trapezistas pelo aperfeiçoamento
da sua arte e a descoberta do amor entre dois homens e a preservação da sua
relação num ambiente hostil e adverso. Tommy Zane cresce como homem e
trapezista no seio de uma família que o adopta para a qual o trapézio ocupa o
lugar central e em que tudo o resto lhe está subordinado: a família Santelli
com os seus Santellis Voadores. Mário, o guardião das tradições familiares,
debate-se com o seu perfeccionismo e a vontade de demonstrar que para si não
existem impossíveis e que, apesar da sua homossexualidade, o seu lugar de
estrela não pode merecer contestação.
Mas esta
história é sobretudo a de uma relação entre um rapaz e um homem, do crescimento
de ambos e da forma como, sujeitos a todas as pressões, acabarão por conseguir
lidar consigo próprios e com os outros numa luta titânica para ultrapassar os
medos, as pressões e, sobretudo, os sentimentos de culpa e auto-rejeição.
Opinião:
Esta é uma
saga familiar enquadrada num mundo muito especial: o circo. Marion Zimmer
Bradley envolve o leitor neste cenário, ambientado entre os anos 40 e 50,
descrevendo com perfeição os bastidores e os palcos circenses. Mais
concretamente, a autora descreve a arte fascinante do trapézio, a glória de
voar e a busca pela perfeição técnica na execução desta arte.
Dentro deste
cenário encontramos a família Santelli, constituída por artistas do trapézio,
voadores natos na essência da palavra. Mais do que tudo, são personagens de uma
humanidade comovente. Repleta de dramas familiares pujantes, discussões acesas
e demonstrações de afecto constante, esta obra proporciona uma visão intimista
de uma dinâmica familiar fascinante. É impossível ficar indiferente perante o
percurso destas personagens, desta família, que vencem os seus medos e
limitações apoiados uns nos outros.
Contudo, no
centro da narrativa encontram-se Tommy Zane e Mário Santelli, mestre e pupilo,
base e voador, trapezistas e amantes. Sem pudor, a autora descreve uma relação
de amor puro, verdadeiramente tocante, constantemente debilitada pelos
preconceitos moralistas da sociedade norte-americana da época. Assim, este
livro aborda um tema que ainda hoje é alvo de grande discriminação: a
homossexualidade. É um livro que nos faz acreditar que o amor, por mais diversas
formas que tome, é capaz de enaltecer o que de melhor temos dentro de nós.
Esta foi uma
leitura inesquecível, profundamente marcante. Mesmo no virar da última página
foi difícil de pousar, devido à saudade e nostalgia imediata que me invadiu.
Esta é uma estória que sem dúvida me acompanhará durante muito tempo e que não
quererei esquecer.
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