"Evernight" de Claudia Gray [Opinião Literária]
Título: Evernight
Autora: Claudia
Gray
Editora: Planeta
Coleção: Evernight (nº1)
Sinopse:
A Raquel inclinou-se para mim e sussurrou: — Nunca te parece que
há qualquer coisa nesta escola que é... cruel? — A sua voz tremeu. — Acreditas
no mal absoluto? Nunca me tinham feito aquela pergunta, mas eu sabia a
resposta: — Sim. Acredito.
A Bianca
quer fugir.
Foi
arrancada à sua pequena terra natal e inscrita na Academia Evernight, um
sinistro colégio interno gótico, onde os estudantes são estranhamente demasiado
perfeitos: inteligentes, requintados e quase predadores. Bianca sabe que este mundo
não é o seu. Depois, conhece o Lucas. Tal como ela, não se enquadra em
Evernight, e gosta que assim seja. Lucas ignora as regras, faz frente aos
snobes e diz a Bianca que ela tem de ter cuidado – mesmo quando se trata de
gostar dele.
Mas a
ligação que une Biança e Lucas não pode ser negada. Ela correrá qualquer risco
para estar com o Lucas, mas segredos obscuros estão destinados a separá-los...
e a levar Bianca a questionar tudo aquilo em que sempre acreditou.
Opinião:
Mais um
livro vampírico para adolescentes? Talvez, mas este tem algo especial. Um
enredo emocionante, repleto de mistérios à espreita em cada página, com uma
mitologia original, ainda que assente no tão badalado vampirismo. Claudia Gray
prova que, apesar de ser uma temática explorada até à exaustão, ainda se pode introduzir
algumas reviravoltas no formato tradicional.
Os
protagonistas são cativantes, com quem criei uma empatia instantânea. É verdade
que Bianca é a típica adolescente que se sente desintegrada e excluída entre os
seus colegas – sempre inteligentes, belos, perfeitos –, e Lucas é o rapaz
ideal: determinado, altruísta, que não tem medo de dizer o que pensa e quebrar
todas as regras, perfeito para ser o salvador da protagonista. Contudo, a
autora quebra as convenções habituais ao esconder a verdadeira natureza de
ambos, invertendo os papéis tradicionais do género.
Na verdade,
e sem querer revelar demasiado, um dos aspetos mais positivos desta obra é, sem
dúvida, a capacidade da autora em mascarar o verdadeiro teor da estória, a
natureza de grande parte das personagens, que apenas vai desvendando
subtilmente ao longo da obra. Adorei a forma como me senti completamente
ludibriada ao atingir a segunda metade do livro, quando finalmente a teia do
mistério principal é levantada e compreendemos que a perspetiva da narradora nos
havia induzido em erro. A partir deste momento, segue-se uma catadupa fluída de
revelações inesperadas, que contribui para o ritmo avassalador desta leitura.
Porém, gostava
que o ambiente gótico tivesse sido mais explorado, com um terror mais
intensificado. Por vezes tive a sensação que as instalações da Academia
Evernight poderiam ter sido quase uma personagem por si só, se a autora tivesse
apostado em descrições mais aprofundadas. No fundo, senti falta de algo para
considerar este cenário verdadeiramente sinistro e assustador.
Em geral,
penso que a autora foi genial ao criar um enredo que, apesar de assente sobre
premissas pouco inovadoras, tem um toque especial que o distingue no seu género.
Uma leitura imperdível para qualquer amante da fantasia urbana, mesmo aqueles
que se admitem enfadados com toda a paranoia vampírica atual.
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