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terça-feira, 9 de julho de 2013

"Evernight" de Claudia Gray [Opinião Literária]

Título: Evernight
Autora: Claudia Gray
Editora: Planeta
Coleção: Evernight (nº1)

Sinopse:
A Raquel inclinou-se para mim e sussurrou: — Nunca te parece que há qualquer coisa nesta escola que é... cruel? — A sua voz tremeu. — Acreditas no mal absoluto? Nunca me tinham feito aquela pergunta, mas eu sabia a resposta:  — Sim. Acredito.
A Bianca quer fugir.
Foi arrancada à sua pequena terra natal e inscrita na Academia Evernight, um sinistro colégio interno gótico, onde os estudantes são estranhamente demasiado perfeitos: inteligentes, requintados e quase predadores. Bianca sabe que este mundo não é o seu. Depois, conhece o Lucas. Tal como ela, não se enquadra em Evernight, e gosta que assim seja. Lucas ignora as regras, faz frente aos snobes e diz a Bianca que ela tem de ter cuidado – mesmo quando se trata de gostar dele.
Mas a ligação que une Biança e Lucas não pode ser negada. Ela correrá qualquer risco para estar com o Lucas, mas segredos obscuros estão destinados a separá-los... e a levar Bianca a questionar tudo aquilo em que sempre acreditou.

Opinião:
Mais um livro vampírico para adolescentes? Talvez, mas este tem algo especial. Um enredo emocionante, repleto de mistérios à espreita em cada página, com uma mitologia original, ainda que assente no tão badalado vampirismo. Claudia Gray prova que, apesar de ser uma temática explorada até à exaustão, ainda se pode introduzir algumas reviravoltas no formato tradicional.
Os protagonistas são cativantes, com quem criei uma empatia instantânea. É verdade que Bianca é a típica adolescente que se sente desintegrada e excluída entre os seus colegas – sempre inteligentes, belos, perfeitos –, e Lucas é o rapaz ideal: determinado, altruísta, que não tem medo de dizer o que pensa e quebrar todas as regras, perfeito para ser o salvador da protagonista. Contudo, a autora quebra as convenções habituais ao esconder a verdadeira natureza de ambos, invertendo os papéis tradicionais do género.
Na verdade, e sem querer revelar demasiado, um dos aspetos mais positivos desta obra é, sem dúvida, a capacidade da autora em mascarar o verdadeiro teor da estória, a natureza de grande parte das personagens, que apenas vai desvendando subtilmente ao longo da obra. Adorei a forma como me senti completamente ludibriada ao atingir a segunda metade do livro, quando finalmente a teia do mistério principal é levantada e compreendemos que a perspetiva da narradora nos havia induzido em erro. A partir deste momento, segue-se uma catadupa fluída de revelações inesperadas, que contribui para o ritmo avassalador desta leitura.
Porém, gostava que o ambiente gótico tivesse sido mais explorado, com um terror mais intensificado. Por vezes tive a sensação que as instalações da Academia Evernight poderiam ter sido quase uma personagem por si só, se a autora tivesse apostado em descrições mais aprofundadas. No fundo, senti falta de algo para considerar este cenário verdadeiramente sinistro e assustador.
Em geral, penso que a autora foi genial ao criar um enredo que, apesar de assente sobre premissas pouco inovadoras, tem um toque especial que o distingue no seu género. Uma leitura imperdível para qualquer amante da fantasia urbana, mesmo aqueles que se admitem enfadados com toda a paranoia vampírica atual.

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