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domingo, 8 de setembro de 2013

"Anjo Mecânico" de Cassandra Clare [Opinião Literária]

Título: Anjo Mecânico
Autora: Cassandra Clare
Editora: Planeta
Coleção: Caçadores de Sombras – As Origens (nº1)

Sinopse:
A magia é perigosa, mas o amor é ainda mais perigoso.
Quando Tessa Gray, uma rapariga de dezasseis anos, atravessa o oceano para se reunir ao irmão, o seu destino é a Inglaterra do reinado da rainha Vitória e aventuras aterrorizadoras aguardam-na no Mundo-à-Parte de Londres, onde vampiros, bruxos e outras personagens sobrenaturais palmilham as ruas iluminadas a gás. Apenas os Caçadores de Sombras, guerreiros que se dedicam a livrar o mundo de demónios, conseguem manter a ordem no caos.
Raptada pelas misteriosas Irmãs Escuras, membros de uma organização secreta chamada Clube Pandemonium, Tessa depressa fica a saber que também pertence ao Mundo-à-Parte e que possui uma habilidade rara: o poder de se transformar, quando quer, noutra pessoa. Além disso, o Magister, a figura misteriosa que dirige o clube, tudo fará para reclamar o poder de Tessa para si.
Sem amigos e perseguida, Tessa refugia-se junto dos Caçadores de Sombras do Instituto de Londres, que juram encontrar-lhe o irmão se usar o seu poder para os ajudar. Em breve se sente fascinada, e dividida, entre dois amigos: James, cuja beleza frágil esconde um segredo mortal, e Will, um rapaz de olhos azuis, cujo humor cáustico e temperamento volúvel mantêm toda a gente da sua vida à distância… ou seja, toda a gente menos Tessa. À medida que a investigação os vai arrastando para o âmago de uma conspiração tenebrosa que ameaça destruir os Caçadores de Sombras, Tessa percebe que poderá ter de escolher entre salvar o irmão e ajudar os seus novos amigos a salvar o mundo… e que o amor pode ser a magia mais perigosa de todas.

Opinião:
Como fã da saga Caçadores de Sombras, não poderia de forma alguma recusar a leitura deste livro – o primeiro de uma série que retrata as origens da mitologia que encontramos em A Cidade dos Ossos. Assente na Inglaterra do século XIX, esta é uma estória que prometia um romance paranormal, com um toque de steampunk, para a qual tinha grandes expectativas. Porém, apesar de ter correspondido ao que esperava em termos de entretenimento, não consegui ignorar alguns pormenores que impediram esta leitura de corresponder ao seu potencial.
Em primeiro lugar, tive alguns problemas com o retrato da época vitoriana. Na verdade, parece que a autora se limitou a adicionar alguns pormenores vitorianos/steampunk sem grande contexto. Alguns diálogos pareceram-me forçados e pouco enquadrados na época e ambiente pretendidos. Mas de uma forma geral, o retrato da Inglaterra vitoriana está apelativo e interessante, embora pudesse ser melhor explorado.
Contudo, o meu verdadeiro problema foi a caracterização dos protagonistas. Parecem uma cópia exata dos protagonistas da saga original, apenas com mínimas alterações físicas! Analisando mais pormenorizadamente: Tessa é a rapariga ingénua que descobre que descobre um mundo sobrenatural e perigoso enquanto tenta resolver o desaparecimento de um familiar e se apaixona por um Caçador de Sombras – exatamente como Clary em A Cidade dos Ossos! E Will é o Caçador de Sombras enigmático e egocêntrico, extremamente sarcástico, com um passado tortuoso e uma tendência para afastar as pessoas que o amam – tal e qual o Jace. Confesso que a meio do livro já estava um pouco farta deste paralelismo constante, especialmente quando Tessa e Will são apenas cópias baratas que nem sequer têm o mesmo encanto que Clary e Jace. Por outro lado, Jem, apesar de parecer um substituto de Simon nesta narrativa, até conseguiu fascinar-me. É uma personagem com um toque trágico que leva o leitor a criar uma empatia instantânea e merece sem dúvida maior destaque nos próximos volumes.
As próprias personagens secundárias acabaram por ultrapassar os protagonistas em certa medida, com as suas personalidades e motivações particulares e originais. Os meus intervenientes favoritos incluem Charlotte, uma mulher competente e determinada que desafia as convenções da época ao governar o Instituto; o seu marido Henry, despistado e ingénuo mas ainda assim muito caricato; Sophie, uma criada irreverente com uma estória tocante; e até mesmo as odiosas Irmãs Black, pelo toque de perversidade e malvadez que trouxeram à estória. Também o facto de rever Magnus Bane – uma das minhas personagens favoritas na saga original – conseguiu atenuar um pouco da minha irritação com Tessa e Will. Ainda assim, gostaria que estivesse mais envolvido na trama principal e que lhe fosse proporcionado mais protagonismo.
O enredo é interessante e o ritmo avassalador, com um final surpreendente e intrigante. Acabei por ficar curiosa com o possível rumo da estória nos próximos volumes mas espero um melhor aproveitamento dos protagonistas, de preferência com maior originalidade. Não foi uma leitura que me tenha arrebatado, mas aconselho aos fãs da saga original que pretendam aprofundar o seu conhecimento sobre o mundo dos Caçadores de Sombras.

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