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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

"Onde Vais Isabel?" de Maria Helena Ventura [Opinião Literária]





Título: Onde Vais Isabel?
Autora: Maria Helena Ventura
Editora: Saída de Emergência






Sinopse:

Da mesma autora do best-seller Afonso, O Conquistador, chega-nos a vida deslumbrante de uma das mais admiradas figuras da História de Portugal: a rainha santa Isabel.

Nascida em Espanha, descendente de santos, reis e imperadores, Isabel chega a Portugal para casar com D. Dinis, rei culto, homem formoso, trovador invejável. No seu séquito traz as damas de companhia e um terrível segredo com origem na Ordem do Templo e cujo destinatário é D. Dinis... Um segredo que poderá mudar a história da Europa!

Mas nem só de glória se cobre a vida de Isabel. As aventuras extraconjugais do rei português humilham-na profundamente. Apesar de, até aí, a rainha se mostrar magnânima, criando com igual afecto tanto os seus filhos como os bastardos de D. Dinis. É entre intrigas, ciúmes, infidelidades, rivalidades, adultérios e arrependimentos, que a vida da rainha santa Isabel se transforma no drama de uma heroína da santidade feita de amor, perdão, lágrimas escondidas e silêncio magnânimo. 

Opinião:

A Rainha Santa D. Isabel, famosa pela sua bondade e generosidade para com os pobres, associada à esmola do pão e das rosas, é uma das discretas figuras femininas embrenhadas na história de Portugal que me suscita grande interesse e admiração. Como tal, não poderia descurar a oportunidade de ler esta obra que prometia um relato da sua nobre vida. Na verdade, o leitor acompanhará D. Isabel desde os seus tenros 12 anos até ao seu leito de morte, presenciando os acontecimentos de maior destaque no seu reinado ao lado de D. Dinis.

Contudo, a estória é narrada por Xavier, um jovem espanhol a quem é impingida uma missão secreta: a entrega de uma mensagem relacionada com a Ordem dos Templários. A verdade é que este narrador é bastante eficaz ao relatar os eventos mais determinantes da época, mas falha em retratar a verdadeira essência da protagonista. Relegada para segundo plano, confesso que fiquei tremendamente desiludida por não ter acesso aos pensamentos e motivações de D. Isabel.

Apesar de tudo, esta obra veio confirmar a ideia mental que fazia da Rainha Santa: uma mulher forte, com princípios, amável e generosa acima de tudo, com uma veia de rebeldia e impetuosidade pouco característica na época. A única surpresa ao longo da estória revelou-se no grau de infidelidade do seu esposo, D. Dinis, ao qual já atribuía uma tendência para acumular amantes mas não imaginava a legião de bastardos que criou. A própria reação da Rainha às suas aventuras extraconjugais é surpreendente: não se coíbe de se revoltar em público e embaraçar o Rei perante a corte. Mais uma vez, D. Isabel revela-se uma personagem extraordinária.

Quanto ao estilo de Maria Helena Ventura, este é muito particular. A sua prosa é complexa, dispondo de uma riqueza de vocabulário, referências históricas e uma linguagem típica da época (com termos e expressões oriundas do espanhol), o que certamente não proporciona uma leitura fácil. Aliás, dei por mim a ter que reler alguns trechos para os compreender. É sem dúvida um excelente exemplar de boa literatura, mas para mim tornou-se numa narrativa muito distante e pouco atrativa. A autora consegue criar disposições maravilhosas de palavras mas que pouco fizeram para que eu criasse empatia com as personagens ou me importasse com o desenvolvimento do enredo. Considero que a autora possui um estilo que exige alguma adaptação e não me cativou propriamente.

Destaco, porém, a minúcia, o rigor e a precisão que a autora despendeu para relatar os factos históricos, com direito a um apêndice com pequenas e interessantes biografias sobre as personagens do livro. Maria Helena Ventura não romanceia esta época, explica concretamente os acontecimentos que marcaram a história de Portugal e a virtude deste facto é indiscutível. Pessoalmente, faltou-lhe a emoção que me faria prender às páginas.

3 comentários:

  1. Todos os reis tinham muitos bastardos, mesmo assim acho que os nossos não eram dos piores...Há uns tempos li um romance da Cristina Torrão sobre D.Dinis que adorei...Tem emoção, sem esquecer os factos históricos. Este tinha-me chamado atenção pelo título, mas nunca tive oportunidade de o adquirir..

    cumps

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    1. Sim, na realeza seria um hábito já, o que me surpreendou aqui foi, para além da quantidade, o relevo que D. Dinis dava aos seus bastardos...
      Também foi o título que me chamou a atenção neste caso, assim como a época abordada, mas não foi uma escolha feliz pelos vistos :p

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  2. Agora fiquei com vontade de ler um bom romance histórico...lol

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