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domingo, 7 de abril de 2013

"A Cidade das Cinzas" de Cassandra Clare [Opinião Literária]

Título: A Cidade das Cinzas
Autora: Cassandra Clare
Editora: Planeta
Coleção: Caçadores de Sombras (nº2)

Sinopse:
Clary Fray só queria que a sua vida voltasse ao normal. Mas o que é normal quando se é um Caçador de Sombras? A mãe em estado de coma induzido por artes mágicas, e de repente começa a ver lobisomens, vampiros, e fadas?
A única hipótese que Clary tem de ajudar a mãe é pedir ajuda ao diabólico Valentine que, além de louco, simboliza o Mal e, para piorar o cenário, também é o seu pai.
Quando o segundo dos Instrumentos Mortais é roubado o principal suspeito é Jace, que a jovem descobriu recentemente ser seu irmão. Ela não acredita que Jace de facto possa estar disposto a abandonar tudo o que acredita e aliar-se ao diabólico pai Valentine… mas as aparências podem iludir.

Opinião:
A trama adensa-se neste segundo volume de uma saga de fantasia urbana que me cativou desde a primeira página. A mitologia paranormal é alargada, na medida em que exploramos o domínio das Fadas, seres que não mentem mas apreciam distorcer a verdade e manipular os desejos mais obscuros das personagens.
Os protagonistas, Jace e Clary, lidam com as revelações surpreendentes do volume anterior, principalmente com a incapacidade para se manterem afastados mesmo sabendo a inviabilidade da ligação amorosa que os une. Por conseguinte, o início deste livro é algo passivo, focando-se no debate emocional das personagens que enfrentam os seus demónios interiores.
Jace mantém-se a personagem mais cativante de toda a estória. A sua infância conturbada endureceu-o mas o seu carácter sarcástico, arrogante e carismático é, neste volume, sobreposto pela sua luta interior entre os seus sentimentos e o seu lado racional. Assim, temos a oportunidade de vislumbrar o seu lado mais emotivo, mais humano. Clary torna-se mais interventiva, sendo que ambos descobrem capacidades peculiares muito interessantes e úteis para a sua demanda.
As personagens secundárias também emergem como partes essenciais deste contexto. Simon é uma das personagens que adquire mais relevo, um novo vigor e, por isso, tornou-se mais fácil de simpatizar com este jovem apaixonado que, apesar das suas inseguranças, se mostra forte e determinado. Outro aspeto que apreciei bastante em relação à caracterização de personagens foi o aprofundar da relação entre Alec e Magnus, um casal com uma dinâmica diferente e peculiar, com avanços e recuos, pela qual dou por mim a torcer com maior motivação do que pelo triângulo amoroso no centro da estória. Novos intervenientes surgem, como Maia, uma jovem lobisomem, que prometem trazer ainda mais dinâmica à narrativa. Por outro lado, a personagem de Isabelle, para meu desgosto, é relegada para segundo plano.
 A escrita da autora permanece simples e fluída, sendo que a narrativa, após o início mais vagaroso, adquire um ritmo alucinante, repleto de ação e acontecimentos que se sucedem freneticamente. Contudo, por vezes são introduzidos elementos que não se coadunam com o desenrolar do enredo. As atitudes de algumas personagens por vezes deixaram-me perplexa, como por exemplo a decisão de Simon regressar ao Hotel Dumort, com consequências trágicas, ou a maneira demasiado intuitiva de Clary resolver as dificuldades que encontra. Por vezes, senti que a narrativa adquiria contornos forçados e faltava alguma lógica ou contextualização destas ações.
Por fim, este segundo volume peca em comparação com o primeiro, com algumas falhas no enredo que impediu o meu envolvimento total na estória. Apesar de tudo, gostei bastante do elemento misterioso que se mantém permanentemente à volta do passado de Jace, a força motriz de toda a saga. Certas pistas subtis levaram-me a formular algumas teorias e estou completamente ansiosa por ler o próximo volume para descobrir o rumo da estória e as potenciais reviravoltas que surgirão. Em suma, apesar de algo previsível, esta foi uma leitura aprazível e estimulante.

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